Agência fake prometia cachê de até US$ 15 mil por foto nua de modelos

A organização criminosa que simulava ser uma agência de modelos prometia cachês de até US$ 150 mil – equivalentes a R$ 745,5 mil atualmente – por imagens íntimas das vítimas, que eram aliciadas por meio das mídias sociais para produzir conteúdo erótico. No entanto, acabavam extorquidas pela quadrilha, sob a ameaça de terem fotos e vídeos divulgados.

As investigações da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia) no âmbito da Operação Trap revelaram que a organização criminosa tinha como alvo jovens de 18 a 30 anos ativas nas mídias sociais. Após escolher a vítima, um dos integrantes do bando usava um perfil falso no Instagram, dizia ser dono de uma agência de modelos e afirmava que a interessada se encaixava no perfil procurado pela empresa.

Conversas às quais a coluna Na Mira teve acesso mostram como os falsos agenciadores abordavam as modelos, com promessas de altos valores em troca das fotos.

Veja:


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Um dos criminosos, que não teve a identidade divulgada, chegou a dizer que pagaria um salário fixo de R$ 3 mil, além de comissão, por ensaio fotográfico.

Ele também disse trabalhar por conta própria e não ser vinculado a qualquer empresa ou agência de modelos. “Odeio agências. Perdoe, mais uma vez, a sinceridade, mas odeio agências. Só sabem cobrar books caríssimos das modelos que, em sua maioria, pagam com tanto sacrifício e, após feito o book, ficam sem ensaio”, afirmou.

Casual a “nu erótico”

O investigado comentou que as fotos seriam sigilosas e não divulgadas em sites ou revistas. Caso o ensaio ocorresse pela internet, a própria modelo teria de tirar as fotos em casa, por um celular, antes de receber os pagamentos em dólares.

“Nu erótico de US$ 1 mil até UC$ 15 mil. As fotos são totalmente privativas e sigilosas. Nada de sites ou revistas. As fotos não saem no Brasil”, completou o criminoso.

O aliciador acrescentou que nunca cobraria nada da modelo, mas ela teria de estar apta a fazer todo tipo de ensaio fotográfico, desde casual até “nus eróticos”. Os valores iniciais dos supostos cachês variavam entre US$ 300 e 15 mil.

Em troca de mensagens com outra vítima, um dos investigados pergunta para a interessada por que uma suposta conta no Instagram havia enviado para ele fotos nuas da modelo. “Muito estranho, um perfil sem nada me enviando foto sua nua, com seu arroba, e me mandando repassar”, escreveu.

A modelo insistiu para saber quais seriam as fotos, mas o golpista alegou que quem enviou as imagens havia apagado os conteúdos e acusa a vítima de a própria responsável pelo vazamento falso. “Seguinte, eu já falei para você ficar despreocupada, porque, de você, a polícia está cuidando. E, agora, você me deu mais munição para isso”, alegou o criminoso.

Intimidadas, as modelos faziam pagamentos via Pix, para contas laranjas fornecidas pela organização criminosa para não terem as imagens divulgadas.


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Operação Trap

A PCDF desarticulou a quadrilha nas primeiras horas desta quinta-feira (14/3). Os investigadores descobriram que, depois de estabelecerem diálogo com as vítimas, e para conquistar a confiança delas, os criminosos enviam cópias de documentos, além de fotos e vídeos de conteúdos íntimos.

Em seguida, induziam as jovens a enviarem conteúdos íntimos nuas, sempre sob a promessa de que elas seguiriam carreira de modelo e que conseguiriam altos cachês.

Para enganá-las, os golpistas enviavam prints de extratos bancárias com milhões de reais de saldo e diziam que esses valores teriam sido alcançados por meio do trabalho delas, especialmente com videochamadas.

Depois, o criminoso, por meio de um perfil falso que seria de uma suposta representante da agência de modelos, informava que um cliente teria se interessado pela vítima e que pagaria uma quantia alta – centenas de milhares de dólares – caso elas realizassem os desejos deles por em chamadas de vídeo pelo Facebook.

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