Na juventude, muitas pessoas conseguem encarar festas, drinques em excesso e noites curtas de sono sem grandes consequências no dia seguinte. Mas, com o passar dos anos, os efeitos da ressaca parecem mais intensos e duradouros, mesmo após o consumo de quantidades menores de álcool.
E isso faz sentido. À medida que envelhecemos, o corpo passa por mudanças que afetam a forma como lidamos com o álcool. Desde o funcionamento do fígado à composição corporal, vários fatores contribuem para que a ressaca fique mais intensa e duradoura.
“As enzimas responsáveis por quebrar o álcool ficam menos eficientes e o fígado também perde parte da sua capacidade de processamento. Como resultado, o álcool permanece mais tempo no corpo provocando maior toxicidade, causando efeitos mais intensos e prolongados”, aponta o nutricionista Fernando Castro, que atua em Brasília.
Além disso, o envelhecimento reduz a capacidade de manter o equilíbrio dos eletrólitos e de se reidratar com rapidez. “O sistema imunológico também se torna mais propenso a reações inflamatórias, o que contribui para sintomas como dor de cabeça e fadiga persistente”, acrescenta o especialista.
Hormônios são afetados pela ressaca
O impacto da bebida vai além do mal-estar físico. Durante a ressaca, diversos hormônios importantes para o funcionamento do corpo se desregulam, e isso também tende a se agravar com a idade.
De acordo com o médico Wandyk Alisson, da clínica Tutti Belli, em Balneário Camboriú, o álcool bagunça o eixo hormonal.
“O cortisol, conhecido como hormônio do estresse, aumenta tanto durante a ingestão de álcool quanto na ressaca. Isso gera ansiedade, irritabilidade e uma sensação de estar ‘ligado no 220V’, mas mentalmente lento”, explica.
Como minimizar os efeitos da ressaca?
Para evitar uma ressaca devastadora, especialmente com o passar dos anos, algumas estratégias simples fazem a diferença:
- Se hidrate antes, durante e depois de beber.
- Evite consumir álcool de estômago vazio.
- Prefira bebidas com menos aditivos.
- Vá devagar e modere na quantidade.
- Priorize uma boa noite de sono antes da ocasião.
A melatonina, responsável pela regulação do descanso, também é afetada. Como o álcool interfere na arquitetura do sono, o descanso fica comprometido. O resultado é uma noite superficial, com muitos despertares e cansaço mesmo após horas na cama.
Leia também
Outro hormônio que sofre queda é a testosterona, presente em homens e mulheres. Ele compromete a motivação, a energia muscular e até o desejo sexual. A vasopressina (ou ADH) é inibida pelo álcool, favorecendo a desidratação, o que agrava a dor de cabeça e a sensação de fraqueza muscular.
A glicose também entra na equação. O álcool pode causar uma queda no açúcar do sangue após um pico inicial, o que leva a tremores, tontura e um desejo incontrolável por alimentos ricos em carboidratos.
Mulheres sofrem mais?
As diferenças entre homens e mulheres também influenciam. Wandyk explica que as mulheres, de forma geral, têm menos água no corpo e menor atividade das enzimas que metabolizam o álcool.
“Com a idade, essas diferenças se tornam ainda mais evidentes. Por isso, mulheres mais velhas tendem a sofrer mais com os efeitos do álcool e da ressaca”, afirma.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!