Nos últimos anos, os preços do mercado mudaram. Os alimentos frescos e orgânicos ficaram mais caros, enquanto os ultraprocessados se tornaram mais baratos. Hoje, alimentos ricos em gordura, açúcar, sódio e conservantes podem ser encontrados por valores bem mais baixos.
De acordo com um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicado na edição de março dos Cadernos de Saúde Pública, os moradores das favelas brasileiras têm mais dificuldade de acesso a alimentos saudáveis e consomem mais ultraprocessados.
“O acesso aos alimentos por moradores de favelas é permeado pela falta de recursos e elementos fundamentais para uma alimentação adequada e saudável, como: a falta de informação sobre alimentação; a renda insuficiente; e a baixa disponibilidade de estabelecimentos que comercializam alimentos saudáveis a preços acessíveis”, escrevem as pesquisadoras no artigo.
O levantamento foi feito por meio reuniões online, e os participantes foram recrutados pelas redes sociais e por líderes comunitários. Fizeram parte do estudo moradores de diferentes favelas no país.
Os entrevistados afirmaram que entendem como saudáveis alimentos como vegetais, carnes, arroz, feijão e orgânicos, e que se tivessem condição financeira, comeriam mais frutas e peixes. Os participantes também reclamaram da qualidade dos produtos à venda nos mercados locais — até as promoções só incluem os ultraprocessados ou alimentos próximos ao vencimento.
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O consumo excessivo de açúcar está diretamente ligado a sérios problemas de saúde. Comer muito doce e carboidratos, por exemplo, pode aumentar a chance de desenvolver diabetes, câncer, obesidade, entre outros
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar de os malefícios do açúcar serem altamente divulgados, o Brasil é um dos países que mais consome a substância no mundo Conny Marshaus/ Getty Images
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Os brasileiros ingerem ao menos 80g de açúcar por dia, o que é superior ao recomendado: 25g a 50g diárias, levando em consideração uma dieta de duas mil calorias Flashpop/ Getty Images
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Segundo especialistas, o açúcar possui propriedades viciantes e acionam uma série de reações no corpo humano. Além de causar alergias, ingerir a substância em excesso pode desativar o sistema imunológico e deixar o indivíduo mais propenso a adquirir infecções Westend61/ Getty Images
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O excesso de açúcar no corpo faz com que a glicemia dispare e, após um tempo, despenque. Além disso, o corpo pedirá mais e, caso não receba, começará a enviar sinais de abstinência. Consequentemente, o indivíduo entra em ciclo compulsório de fome e o desejo pelo consumo de doces aumenta wundervisuals/ Getty Images
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A partir disso, o problema só piora. O organismo deixa de funcionar da forma correta e sérios problemas de saúde começam a surgir milanvirijevic/ Getty Images
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A funcionalidade e elasticidades dos tecidos são perdidos, o que faz com que o envelhecimento precoce se instale. Problemas na visão e apodrecimentos dos dentes também são possíveis. Além disso, doenças autoimunes podem ser provocadas; e a saúde dos cabelos, ser comprometida Eric Raptosh Photography/ Getty Images
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O consumo excessivo da substância também pode causar diabetes, obesidade, problemas cardiovasculares, ansiedade, estresse, baixa energia, problemas intestinais, enxaqueca, instabilidade emocional, entre outros Tom Werner/ Getty Images
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Apesar de o que possa parecer, não é necessário cortar o açúcar de uma vez, mas consumir com moderação Jose Luis Pelaez Inc/ Getty Images
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Ter o controle da quantidade do açúcar ingerido auxilia tanto na perda de peso quanto na melhoria da qualidade de vida. Exercícios físicos, alimentação balanceada e uma boa noite de sono podem ajudar a diminuir o vício em doces Thomas Barwick/ Getty Images
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Segundo o estudo, os moradores de favelas raramente saem para comer na rua e, quando podem fazê-lo, geralmente escolhem pizzas, sorvete e sanduíches. Porém, pelo tempo que gastam no transporte entre a residência e o trabalho ou escola, sobra pouco espaço para cozinhar — aí entram os ultraprocessados, que são fáceis e ficam prontos rapidamente.
“Aumentou o acesso a esses produtos e esses alimentos estão matando a fome das pessoas porque eles têm uma maior quantidade calórica, mas pouca quantidade de fibras e nutrientes. Então, tudo é muito artificial e alimenta menos”, explica a pesquisadora Luana Lara Rocha, uma das autoras do estudo, em entrevista à Folha de S.Paulo.
Ela aponta que boas opções, apesar de pouco comuns, são as feiras de rua organizadas por órgãos públicos, onde são vendidos alimentos saudáveis, seguros e sem agrotóxicos a preços baixos.
Luana afirma que os dados obtidos são importantes para iluminar o problema e inspirar políticas públicas que promovam o acesso a alimentos saudáveis a preços acessíveis.
O perigo dos ultraprocessados
O consumo exagerado de ultraprocessados está relacionado ao desenvolvimento de doenças como diabetes, hipertensão e obesidade, além do aumento do risco de morte relacionada a doenças cardiovasculares.
“Normalmente, são formulações industriais com muitos aditivos químicos como conservantes, estabilizantes, corantes, edulcorantes e aromatizantes. O alto teor de sódio é comum nesses alimentos para estender a duração e intensificar o sabor, ou mesmo para encobrir sabores indesejáveis, derivados dos aditivos ou de substâncias geradas pelas técnicas envolvidas no ultraprocessamento”, afirma o site do Ministério da Saúde.
De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, a dieta ideal deve dar preferência a alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias. As opções mais ricas em vitaminas, sais minerais e outros nutrientes são importantes para o bom funcionamento do organismo.
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