A gastrite é uma inflamação que afeta o revestimento interno do estômago e pode causar sintomas como dor, queimação e desconforto abdominal.
A condição pode se apresentar de duas formas principais: aguda ou crônica. Segundo o gastroenterologista Ramon Warlley, que atua em Brasília, as duas se diferenciam tanto pela causa quanto pelos sintomas.
“A gastrite aguda é caracterizada por uma inflamação súbita da mucosa gástrica, geralmente provocada por fatores pontuais, como o uso de anti-inflamatórios, consumo excessivo de álcool ou infecções agudas, como as causadas pela bactéria Helicobacter pylori”, explica o médico.
Nesses casos, os sintomas costumam aparecer rapidamente, com dor na boca do estômago, náuseas, vômitos e até hemorragias nos casos mais graves. Já a forma crônica da doença costuma evoluir de maneira lenta e está associada a fatores contínuos, como infecção persistente por H. pylori, doenças autoimunes, tabagismo ou uso prolongado de medicamentos.
“A gastrite crônica pode ser assintomática ou apresentar sintomas mais vagos e intermitentes, como sensação de estômago cheio após pequenas refeições e desconforto abdominal”, completa Warlley.
Em estágios mais avançados, pode levar a alterações na mucosa do estômago e aumentar o risco de complicações, como úlceras e câncer gástrico.
Tipos de gastrite
A gastrite nervosa pode estar ligada a fatores emocionais, já que apresenta sintomas digestivos típicos da doença mesmo sem inflamação no estômago.
Na gastrite erosiva, além de inflamar a mucosa do estômago, costuma causar úlceras e sangramentos.
A gastrite enantematosa atinge de forma mais profunda o tecido que reveste o estômago, provocando vermelhidão, inchaço, feridas e lesões.
Já a gastrite eosinofílica é marcada pelo acúmulo de eosinófilos na parede do estômago, células do sistema imunológico associadas a reações alérgicas e ao combate a parasitas.
Hábitos que favorecem o desenvolvimento de gastrite
Diversos fatores comportamentais e alimentares estão associados ao desenvolvimento da gastrite. De acordo com a gastroenterologista Daniela Carvalho, da Clínica Gastrocentro, em Brasília, o jejum prolongado, o consumo excessivo de café e refrigerantes e uma dieta rica em gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados estão entre os principais vilões.
Situações de estresse podem favorecer o desenvolvimento da gastrite. “O estresse estimula a liberação de gastrina, hormônio que promove a secreção de ácido pelo estômago. Além disso, hormônios como adrenalina e cortisol também contribuem para o aumento da acidez e a redução da proteção da mucosa gástrica”, explica a médica.
O uso frequente de medicamentos, como os anti-inflamatórios não esteroides, também representa um risco importante. “O uso contínuo, sem prescrição médica, aumenta significativamente o risco de complicações como úlceras, que podem causar hemorragias ou perfurações e levar até mesmo à morte”, alerta Warlley.
Existem diferentes tipos de gastrite: nervosa, erosiva, enantematosa e eosinofílica
A gastrite tem cura?
A gastrite pode ser tratada e, em muitos casos, curada. Daniela explica que, nos casos agudos, a solução pode envolver apenas a remoção do fator causador, como a suspensão de um medicamento. Já nos casos crônicos, o tratamento exige mudanças no estilo de vida.
“É necessário interromper hábitos prejudiciais, como o tabagismo e o consumo crônico de álcool, tratar infecções por H. pylori, fazer uso prolongado de protetores gástricos quando indicado e manter acompanhamento médico regular”, diz a especialista.
No entanto, a doença pode se tornar permanente quando está associada a condições autoimunes ou quando as causas subjacentes não são devidamente tratadas.