TJDFT nega recurso e mantém condenação de personal que agrediu síndico

Após novas tentativas da defesa do personal trainer Henrique Paulo Sampaio Campos, a 1ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) manteve a decisão que o condenou a 2 anos, 9 meses e 10 dias de prisão, em regime inicialmente aberto, por agredir Wahby Abdel Karim Khalil — síndico de um condomínio em Águas Claras, à época do caso. Além disso, o acusado foi condenado a ser indenizado em R$ 5 mil.

O crime ocorreu em março de 2022, depois de um desentendimento sobre um saco de boxe na academia coletiva do condomínio. O episódio se passou no Residencial Luna Park, na Quadra 301 de Águas Claras. Câmaras de segurança flagraram o momento das agressões.

Veja imagens:


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Com a primeira decisão da Justiça, que penalizou o acusado pelo crime de lesão corporal grave, tanto o síndico quanto o personal trainer entraram com recurso. A defesa da vítima sustentou que, diferentemente do entendimento detalhado na sentença, o delito se tratou de uma tentativa de homicídio qualificado.

Os advogados de Wahby Khalil afirmaram que o réu é praticante e professor de boxe, “o que faz do próprio corpo dele uma arma, capaz de pôr fim à vida de alguém”. Além disso, argumentou que o personal trainer conscientemente assumiu “o risco de produzir o resultado morte, haja vista a destreza com que atingiu a vítima”. Também, pediram elevação da indenização mínima para R$ 20 mil, diante dos prejuízos de saúde e estéticos sofridos pelo síndico.

A defesa do personal trainer, porém, cobrou o afastamento da qualificadora do crime de lesão corporal grave e alegou que “a perícia que consta nos autos foi realizada de forma indireta, com base em documento enviado ao plano de saúde sem informações precisas”. Os advogados ainda consideraram improcedente o pedido de indenização, sob justificativa de que a vítima já não tinha o dente que perdeu ao ser agredida e que mencionar dano estético seria “descabido”.

O desembargador Esdras Neves, relator do processo, votou por negar os pedidos da defesa e foi acompanhado pelos outros integrantes da Turma. A decisão acrescentou que, consideradas as circunstâncias do caso, “a indenização mínima arbitrada pelo juízo […], na quantia de R$ 5 mil, é razoável, proporcional e não merece reparos”.

Relembre o caso

O jornalista e síndico profissional Wahby Khalil levou um soco, caiu no chão e bateu a cabeça durante uma discussão com o personal trainer Henrique Paulo, em 17 de março de 2022.

Pelas imagens do circuito interno de monitoramento, é possível ver Wahby Khalil ser agredido, cair e ficar sem se mover por alguns segundos. Ele não recebeu ajuda do personal trainer.

Wahby Khalil chegou a ficar seis dias internado, passou por cirurgia odontológica e teve uma hemorragia cerebral devido à agressão, além de ter ficado com dentes moles.

À época do crime, Henrique Paulo se apresentava nas mídias sociais como “personal boxing” e publicava vídeos com aulas de luta. Em algumas das postagens, ele aparecia treinando em uma quadra poliesportiva de Águas Claras.

Confissão

Em depoimento à Justiça, Wahby Khalil afirmou que não houve discussão com o personal no dia da agressão. Ele alegou que conversou com Henrique Paulo sobre problemas no forro do teto causados pelo saco de boxe, pois o personal usava a academia do prédio para dar aulas da modalidade esportiva.

O ex-síndico alegou que levou um soco após comunicar a Henrique Paulo que levaria o caso para a assembleia do condomínio.

Em depoimento, o réu confessou a agressão e alegou ter ficado “nervoso durante a discussão”. À Justiça, o acusado também afirmou que algumas imagens das câmeras de segurança teriam “sumido” e que elas demonstrariam como ele teria evitado uma discussão “o tempo todo”.

O laudo da perícia criminal revelou que Wahby Khalil sofreu uma fratura no dente nº 36, o que levou, ainda, a um quadro de debilidade na função mastigatória.

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